Corpo Estranho

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  • EditoraALAMEDA
  • Modelo: 9V90852
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A meditação da desesperança, por incidir na desconfiança de nossas verdades, finge postular, com humor, a indicação da poesia como remédio, embora incerto, para a pletora de males desencadeados pela sorte – uma espécie de deslocamento da filosofia, entendida como lenitivo para as dores do mundo e o aprendizado da morte, para outras paragens, em que a alegria salta, meio selvagem meio fanfarrona, com o desprezo da contemplação, vale dizer, da aceitação da brevidade da vida e o triunfo da morte. Um subtexto filosófico e poético, em que Platão e Aristóteles, João Cabral e Augusto dos Anjos, Borges e Cruz e Sousa comparecem assimilados, destila humor e uma certa ironia que atinge não as referências, mas o próprio referente: o sofrimento, a dor de viver. A força da meditação está em contornar a fonte obscura do sofrimento, patenteando aquilo que conscientemente pode ser o conhecimento de si.
Esta mudança de tom poderia parecer esquisita, pois o acento não mais decorre de assunto, nem das referências óbvias das alusões doentias. Não mais Cruz e Souza e Augusto dos Anjos; agora as referências são outras, algum Drummond de Claro Enigma, João Cabral, algum Borges. Com eles, Plínio inflecte a ironia, mantendo a melancolia agora na chave da linguagem mais pura, sem alegoria. O tom meio burlesco desaparece, com que a meditação toma, finalmente, o rumo mais da poesia, menos da filosofia. Efeito, talvez, da ascese propiciada, não pela platônica descida ad inferos, mas pela conquista da única epopeia de salvação à nossa disposição:vida toda linguagem.
Mas a visada das altas paragens poéticas é continuamente desconstruída por designações que pelo seu não-senso produzem efeitos grotescos: humor que contraria a ironia socrática e as platônicas ascensões. Com isto o sujeito é descentrado transformando-se antes em espetáculo que em ser meditativo. Um realismo grotesco toma o lugar dos simbolismos e desrealiza a suposta intimidade, ao substituir o decoro da linguagem por figurações em que se reconhece o trabalho, inconsciente, de elaboração que espanca a morte: melancolia.
Características
Autor PLINIO JUNQUEIRA SMITH
Biografia A meditação da desesperança, por incidir na desconfiança de nossas verdades, finge postular, com humor, a indicação da poesia como remédio, embora incerto, para a pletora de males desencadeados pela sorte – uma espécie de deslocamento da filosofia, entendida como lenitivo para as dores do mundo e o aprendizado da morte, para outras paragens, em que a alegria salta, meio selvagem meio fanfarrona, com o desprezo da contemplação, vale dizer, da aceitação da brevidade da vida e o triunfo da morte. Um subtexto filosófico e poético, em que Platão e Aristóteles, João Cabral e Augusto dos Anjos, Borges e Cruz e Sousa comparecem assimilados, destila humor e uma certa ironia que atinge não as referências, mas o próprio referente: o sofrimento, a dor de viver. A força da meditação está em contornar a fonte obscura do sofrimento, patenteando aquilo que conscientemente pode ser o conhecimento de si.
Esta mudança de tom poderia parecer esquisita, pois o acento não mais decorre de assunto, nem das referências óbvias das alusões doentias. Não mais Cruz e Souza e Augusto dos Anjos; agora as referências são outras, algum Drummond de Claro Enigma, João Cabral, algum Borges. Com eles, Plínio inflecte a ironia, mantendo a melancolia agora na chave da linguagem mais pura, sem alegoria. O tom meio burlesco desaparece, com que a meditação toma, finalmente, o rumo mais da poesia, menos da filosofia. Efeito, talvez, da ascese propiciada, não pela platônica descida ad inferos, mas pela conquista da única epopeia de salvação à nossa disposição:vida toda linguagem.
Mas a visada das altas paragens poéticas é continuamente desconstruída por designações que pelo seu não-senso produzem efeitos grotescos: humor que contraria a ironia socrática e as platônicas ascensões. Com isto o sujeito é descentrado transformando-se antes em espetáculo que em ser meditativo. Um realismo grotesco toma o lugar dos simbolismos e desrealiza a suposta intimidade, ao substituir o decoro da linguagem por figurações em que se reconhece o trabalho, inconsciente, de elaboração que espanca a morte: melancolia.
Comprimento 21
Edição 1
Editora ALAMEDA
ISBN 9788579390852
Largura 14
Páginas 94

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